domingo, 8 de janeiro de 2012

Nada com Nada


Deitado, com o computador no colo, olho para a tela, olho para o teclado, e nada me vem à mente. Ao menos nada de relevante, nada que faça sentido para mim neste exato momento, nada realmente significativo.

Por isso resolvi escrever sobre o nada, aquele sobre o qual ninguém fala, ninguém vê, ninguém sente, alguns até nem crê.

Só que, curiosamente, como num processo natural e espontâneo, as coisas começam a se revelar. O contexto aos poucos interage comigo e as palavras lentamente tomam forma.

Agora, por exemplo, lá fora cai uma leve garoa, exalando aquele cheirinho bom de terra molhada. As persianas balançam levemente, sincronizadas umas com as outras.

O som do vento, quase imperceptível, marca um compasso suave, agradável de ouvir. Ainda lá fora, vez ou outra, um carro passa e demonstra que o asfalto encontra-se bem molhado, com algumas poças.

Noto também que meus pequeninos pinheiros já estão bem crescidos, encorpados. E lembrar que o vendedor garantiu a morte iminente caso fossem mantidos à “sobra e água fresca”.

Incomodado, coço os olhos e constato que estou sem meus óculos, esquecidos no porta-luvas do carro. Quem diria? Até pouco tempo atrás nem precisava. Agora, já me desconforta ler sem eles. Ah, a idade!

Voltando para o ponto inicial dessa conversa...

Mas sobre o que eu estava falando mesmo?

Nada não, deixa pra lá!

(Djavan Antério)

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