terça-feira, 2 de outubro de 2012

Falando sério!


Não é tão difícil entender essa demanda estratosférica por uma vaga na política. De imediato, temos aí salários e benefícios que enchem os olhos dos menos preocupados com o bem coletivo. Em contrapartida, se pensados cautelosamente, tais benéficos provocam indignação, sobretudo daqueles que na mesa não têm sequer um pão.

Vejo segmentos profissionais serem tratados com omissão e puro desrespeito. Vejo pessoas humildes, com pouca instrução, caindo na lábia de crápulas com uma retórica de derrubar 747.

Basta alguns minutos vendo o horário político para constatar a briga por um espaço no “guarda chuva” de regalias da política brasileira. Chego a sentir náuseas em ver tanta gente mesquinha, que depois de assegurado seu lugarzinho nos gabinetes refrigerados, nada fazem por aqueles que mais precisam.

Não vejo a sinceridade no olhar; não me sinto seguro ao escutar palavras decoradas, lidas, voláteis ao sopro mais brando dos ventos da próxima estação. Sinto, nestes, é a sede pelo poder, pelo status, pela “vida boa”. Tudo isso assegurado pelo desleixo da própria máquina pública.

Uma vez ouvi alguém dizer: “Um dia, se nada der certo pra mim, vou ser político ou pastor”. Hoje temos é pastor querendo ser político!

O fato é que há uma distorção dos valores legítimos que compõem (ou deveriam compor) a esfera pública representativa. É duro, é revoltante, é trágico! Logo, como é possível ainda nos mantermos inertes a esse emaranhando obscuro de interesses particulares? Não seria o momento de indagarmos o rumo e a forma como a política vem sendo tangida?

Daí a relevância dessa menininha (do Diário de Classe), de pouca idade, mas de tamanha sensibilidade, em contestar a disparidade salarial destes “homens de preto”, muito bem alinhados, com sorriso no rosto e de coração duro.

Queria ver essa procura toda se o salário de um vereador, deputado, senador... fosse equiparado a de um professor da rede pública de ensino. E não me venha com questões de responsabilidades. Eu, enquanto professor/cidadão/humano, não assimilo essa cultura da “política de qualquer jeito e a todo custo”.

Quer me representar? Faça por merecer, mantenha-se constante em suas argumentações e replique-as nas atitudes que devem, obrigatoriamente, corresponder ao interesse de toda uma população.

(Djavan Antério)