quarta-feira, 10 de abril de 2013

Educar é Preciso


Muito bacana ver estratégias alternativas que incentivam e auxiliam o processo de ensino-aprendizagem em nossas escolas. Temos aí o mais novo hit da internet, o Rap da Pilha. Um professor carioca que ensina química por meio de paródias de funks conhecidos.

Muito bom mesmo! Contudo, permitam-me expor uma outra ótica acerca do assunto.

Atualmente, a educação brasileira passa por um período delicado, principalmente no que concerne seu processo no âmbito escolar. Buscando uma especificidade no assunto, refiro-me à cultura de ensino mecanizado, que visa, sobretudo, a aprovação nos vestibulares. E nisso, infelizmente, estamos ficando cada vez mais especialistas.

Um “documentário” recente que contemplou bem o assunto foi “A Verdade de Cada Um”, no National Geographic (Brasil), uma parceria do canal com Fernando Meirelles. O programa trouxe à tona o sistema educacional brasileiro, retratando a realidade de profissionais da educação, alunos e escolas de diferentes classes sociais da grande São Paulo. Dentre as diversas problemáticas, uma das que mais se destacou – até pelo peso concreto – foi justamente essa cultura sobre a qual me referi.

Temos um gigantesco mecanismo que investe em resultados estatísticos. Geralmente são escolas particulares, renomadas e de alto custo. O perigo é que se faz de um tudo pelos primeiros lugares nas aprovações (e quanto mais, melhor), inclusive passar por cima do real aprendizado.

Período de vestibular é típico, você constata inúmeros outdoors estampando rostos de jovens que, inconscientemente (ou não) se configuram como ferramenta de manobra, alavancando o nome da escola que “tão bem os treinou”.

Aí vem o problema maior: O que acontece se as escolas privadas, munidas de mais do que suficientes recursos, escoam para universidades públicas – pois ainda são as melhores – seus alunos? A grande massa fica de fora, ora essa! Pior, é justamente esta massa que sustenta a máquina de ensino superior privada. (Olha que contraditório!)

Não estou transferido a culpa de nossa educação pública ser e estar do jeito que está, para as privadas. Absolutamente! O que questiono é a maneira que as coisas estão se procedendo. Minha crítica recai diretamente na metodologia que impera nas escolas, aquela que atribui ao aprendizado a mera aprovação por meio de notas; que tem como lastro as estatísticas quantitativas.

Não estou afirmando também que é o caso desse “professor funkeiro”. Não, não... Muito pelo contrário, sou a favor de práticas alternativas, que visem, sobretudo, a melhor assimilação do conhecimento. A questão é saber se por trás do “show” há uma preocupação maior, voltada a real aprendizagem.

De qualquer forma, fico com pé atrás, principalmente quando leio: “Fulando de Tal é um professor incomum -- ele não reclama do salário, das condições de trabalho, nem tem problemas de disciplina com seus alunos. Ele ensina disciplina tal em escolas PARTICULARES...”

(Djavan Antério)

P.S. Olha só, achei aqui o episódio “A Verdade de Cada Um - Educação”, do NetGeo: