segunda-feira, 1 de abril de 2013

Somos Nossas Ações


Mais do que palavras, somos nossas ações. Por isso ser mais fácil dizer o que queremos do que não expressar o que sentimos. Falar e escrever são ações comunicativas da linguagem verbal, aquela que age de forma direta, concreta, objetiva. As ações (gestuais/posturais/espaciais) não, é parte do grandioso universo da linguagem não-verbal, sensível por natureza e subjetiva por adequação.

A partir daí, podemos instigar a seguinte reflexão: Como ser mais em nossas ações? Isto é, o que podemos fazer para que nossas palavras sejam e/ou estejam em sincronia/harmonia com nossas ações? Eis um desafio e tanto! Há tempos venho tentando ajustar esses ponteiros, organizar o falado com o expressado; o escrito com o não dito. Confesso que a balança pende mais para o insucesso, mas o importante é não deixar assim.

Depois de muito tentando, acredito que tenha encontrado um dos ingredientes para o êxito. Nada muito especial ou merecedor de prêmio. Digamos que se trata apenas de um “achado”. O que faço é prestar bem atenção naquilo que digo. Sabe quando escrevemos e revisamos um texto? Pois é, mais ou menos assim.

O problema é que na fala não é possível revisar. A saída então é exercitar a reflexão imediata, aquela que se antepõe à construção das frases antes de serem efetivamente ditas. No meu caso específico procuro desacelerar a fala. Penso, reflito e solto... palavra por palavra. Entretanto, isso é apenas o pré-requisito. Dessa dinâmica, do pensar-refletir-falar, é que emerge a análise da compatibilidade existente entre minha fala e minhas ações.

A intenção suprema é comprovar se está havendo ou não sincronia entre fala e ação. E olha, muitas vezes estamos em contraste! Não estou afirmando que, por não haver consonância temos aí mentiras. Absolutamente! Por isso uso “sincronia, harmonia, consonância, compatibilidade”. Penso apenas que é possível melhor ajustar os pares, aperfeiçoar as linguagens, buscar coesão na essência e na intencionalidade.

Afinal, definições advêm de ações, não de palavras ou de teorias soltas e infundadas. Nas palavras você pode ser quem quiser. Nas imagens você pode aparentar o que bem entender. Agora, nas ações, nas expressões, na corporeidade íntima da pele... Aí a lógica é outra! Mais do que palavra, somos olhar; mais do que escrita, somos toque; mais do que imagem, somos gestos. E antes de qualquer coisa, de qualquer outra pessoa, é preciso que entendamos isso.

(Djavan Antério)