quinta-feira, 11 de outubro de 2012

Noite Nostálgica


Imagine um filme, mais especificamente uma comédia (romântica, talvez) onde, num dado momento, a nostalgia, de forma saudável e prazerosa, tomou conta de tudo e de todos. Pois bem, retratarei um acontecimento que se deu ainda ontem, mas que perfeitamente se encaixaria num filme de #SessãoDaTarde.

O contexto resume-se a um bar no estilo pub, com sinuca, cerveja gelada, música da melhor qualidade e muita gente bonita. Em meio a isso, estava um grupo de camaradas que sempre se encontravam por ali, fazendo valer o intocável #DiaDosAmigos.

Entre uma cerva e outra; conversas que contemplavam vários assuntos, de futebol à astrofísica (acredite, rolou até astrofísica); uma jogadinha aqui e acolá; começa a tocar uma música que, por suas peculiaridades, chamou a atenção de muitos.

Era a danada rolando e boa parte da galera estranhando. Em especial, aquele nucleozinho de amigos que ali se encontravam religiosamente uma vez por semana, no mínimo. Um dos que estavam sentados à mesa, franze a testa e olha com desdém para a caixa de som. Outro, em comunicação visual com aquele, balança a cabeça em sinal de negativa. O que está imediatamente ao lado, pergunta que som era aquele que tava rolando (mas sabendo quase exatamente qual era). Os dois que jogavam sinuca deram uma pequena pausa para cochichar algo e apontavam para o dono do bar, que sorria cinicamente, tirando uma onda.

A música continuava rolando e os caras gradativamente incorporavam o que dela emergia. O da testa franzida balançava lentamente a cabeça, como se dançando. O amigo, que antes negativava, batia com a mão na mesa empunhando um cigarro, ritmado com a melodia da dita-cuja. Aquele que perguntara de que som se tratava, cantarolava baixinho, quase sem mexer os lábios (para não dar na vista do povo). Em relação aos jogadores, um batia a ponta dos pés, também acompanhando aquela “trilha” que se evidenciava; o outro já até demorava a jogar, parecendo se recordar de alguma coisa que a música o remetia.

Surge então aquele #AmigoMaisAnimado, que havia ido ao banheiro, de braços abertos e com um sorrisão no rosto, fazendo todo o percurso de volta cantando em alto e bom som:

And Iiiiiiiiiiiiiiiii will looooooove you… babyyyyyyy… aaaaaaaaaaaaaaaaaalways
And Iiiiiiiiiiiii'll be thereeeeeee foreeeeeeeeeeeever and a day aaaaaaaaaaaaaaaalways


Tal atitude fez com que se desencadeasse uma corrente nostálgica de energia. Vale salientar que o mais novo dali tinha 27 anos. De forma natural e espontânea, o ambiente era contaminado, sobretudo, o núcleo dos #BonsAmigos. Dali pra frente, a coisa foi tomando maiores proporções. Um deles chegou ao mais animado perguntando (meio que afirmando):

-- Porra, isso é Bon Jovi?
-- Claro que sim, cumpade!

Outro chega e solta:

-- Tou ligado demais! Dançava com as menininhas nos “assustados” (festinhas onde as meninas levavam comida e os meninos “bebida”, muitas vezes “batizada”).

Abraçando os dois que ali já ensaiavam uma banda imaginária, outro começou a cantar sem errar a letra:

When he holds you close
When he pulls you near
When he says the words
You've been needing to hear
I'll wish I was him cause these words are mine
To say to you till the end of time


Injetando mais algumas doses de nostalgia, um dos caras da sinuca diz:

-- Meu, esse som tocava em uma novela da Globo, das antiga.
-- Claaaaaaro, “Quatro por Quatro”! (Disse o outro, todo empolgado.)

Com se não bastasse essa manifestação novelística, um sabichão fecha:

-- Siiimmmmmmm, era tema da Tati e do Bruno!

Todos caíram na gargalhada já com a rodinha formada em frente ao balcão, pois, naquela altura do campeonato, o dono do bar já havia aumentado o som, liberado umas doses de tequila e todos cantavam o clássico dos anos 90 no melhor estilo #DesafinadosBebados&Felizes

(*Olha só a interpretação da galera! - rsrs)

A boa nostalgia foi tamanha que a noite foi regada por outras músicas contemporâneas àquela. No final, com o bar já fechando, as cadeira por cima das mesas, o #NucleoDosAmigos se despiu dos donos do bar cantando em capela uma das figurinhas mais repetidas da MTV daquela época:


Bem que poderia ter acabado por aí, né?!

É, mas não acabou!

Às 2:30 da madrugada, sob uma garoazinha de fim de inverno e ainda dando uma palinha de Someday I'll Be Saturday Night, um dos camaradas pára subitamente de cantar. De repente, outro o acompanha no silêncio inoportuno para a noite que se desenhara. O terceiro não viu outra atitude, senão também calar-se. Aí, o único que persistia a cantar (incorporando o próprio Jon Bon Jovi), foi puxado pela camiseta e levado a enxergar o que estava bem ali, à sua frente.

Uma linda mulher, trajando um elegante vestido longo vermelho e com a maquiagem borrada – não se sabe se por conta da chuva ou das lágrimas que ainda pereciam escorrer dos olhos momentaneamente inchados. Ela, olhando direto nos olhos do “astro do rock”, segurava numa das mãos uma rosa e noutra, as chaves do apartamento.

Aquela visão bastou para que o “astro” recuperasse quase toda a lucidez e percebesse o mal que havia feito. Ele, já sozinho, dirigiu-se à linda mulher e disse:
 
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...continua...
(Djavan Antério)