segunda-feira, 4 de agosto de 2014

Camaleão na Paraíba

A capoeira paraibana esteve em festa, melhor dizendo, esteve em vadiagem...

Recebemos neste fim de semana um grande mestre, um mestre que representa a capoeira em sua mais nobre causa. Recebemos, com todo o respeito, Mestre (mandingueiro) Camaleão.


Tudo aconteceu muito rápido! Soubemos que Camaleão estaria vindo ao Brasil (já que hoje o mestre contribui para a expansão da nossa capoeira em terras antigas da Europa) e existia a forte possibilidade da vadiação chegar até aqui, na terra de Jackson do Pandeiro.


A conexão rolou naturalmente, sem tanto floreio. Professor Sabão foi lá, Mestre Camaleão chegou por aqui. E aí o que tivemos foi muita capoeira. Difícil querer expressar em palavras todo o contentamento emergido da ginga desse grande mestre, que na beleza da humildade, tornar-se gingante dentro e fora da roda.

Na sexta Camaleão foi recebido do jeito que gosta, na confluência dos movimentos e na interação dos corpos. Joga pra lá que eu jogo pra cá. Vai daí que eu vou daqui. E assim a vadiagem correu solta.



Camaleão trouxe mais dendê pra terra de “cabra macho”, trouxe fundamentos críticos e reflexivos, fazendo valer a máxima de que a capoeira necessita da força conjunta, do todo ao invés do uno. “Vocês são a nova geração”, disse ele ao sustentar que o bom deve ser fomentado; e o ruim, por sua vez, deve ser enterrado.

*Mestres: Camaleão, Gege, Cobrinha Mansa, Silas e Peixinho

Sábado foi dia de oficinas. Num espaço massa, cedido pelo Departamento de Educação Física da Universidade Federal da Paraíba (DEF/UFPB), pela manhã, com o Mestre Camaleão, rolou o trava daqui, o joga pra lá. Fecha, abre, solta o pé, mas não deixa bater. Cada lição era recebida com atenção e apreço. Primeiro por vir de um mestre, mas, sobretudo, por ser algo compartilhado com amor, amor à arte de “capoeirar”. E isso, camará, não há vídeo no mundo que ofereça.


A tarde foi dedicada ao Coco, dança nossa, nordestina, rica no balanço, forte na cultura.  Numa brincadeira onde a mistura de Coco e Capoeira deu em “Cocoeira”, tivemos a contribuição significativa do contra-mestre Café, “cabra da peste” daqui vizinho (Natal/RN), que bate o pé, quebra o corpo e queima na embolada. Valeu irmão pela força, pela soma. A conexão foi feita, vamos agora tratar de engrossar essa caldo!


Domingo o evento se estendeu até o alto da serra, chegando a terra do maior São João do mundo, Campina Grande. E como foi lindo! Num simples lançar de ideia, a oficina se replicou, abarcando capoeiristas de diferentes localidades do interior paraibano. Aproveitamos para agradecer a Associação Cultural de Capoeira Badauê, na pessoa do Mestre Sabiá, sábio, sereno e acolhedor. Também ao contra-mestre Tibério, “caba bom”, que não se fechou à emoção de estar com Camaleão, ídolo no jogo e na vida. Foi emocionante, meus irmãos, vê-los em oração: “Mandei caia meu sobrado, mandei, mandei, mandeeeeeei...”


Voltamos a capital paraibana para a roda de despedida. E quanta sabedoria junta! Tivemos em sinergia mestres, contra-mestres, professores, monitores, alunos. Destaco: Mestre Lima e o grupo Angola Mandinga; Mestre Naldinho e o grupo Angola Comunidade; Mestre Robson e o grupo Berimbau Viola. Foi especial ver a capoeira paraibana mostrando àquele que estava de passagem, que aqui tem capoeira e, como já dizia nosso João Pequeno, é da boa!

Valeu aos irmãos, contra-mestres, Barata, Marivan, Tina, Coquinho, capoeiristas de valor e que sabem valorizar. Estamos juntos na força que une, que agrega. Vamos juntos erguer ao ponto alto a capoeira da Parahyba.


E assim foi a chegada de Camelão por aqui. Rápida, porém intensa. Sem estrelismo ou qualquer coisa do tipo. A capoeira agradece!

Até uma próxima mestre, vai na fé. Iê!