quarta-feira, 22 de janeiro de 2014

Chapada (dos Sonhos) Diamantina



Mochila nas costas, 25 de dezembro de 2013, noite de natal. Partiu Chapada Diamantina...

Provavelmente não conseguirei relatar aqui tudo o que vivi em 20 dias de pura entrega, de profunda conexão junta à natureza, mas irei tentar.

De início, vale dizer que a viagem foi a realização de um sonho antigo, que só agora pude realizar. Queria ter feito meus 30 anos por lá, mas... que bom que aconteceu assim. Acredito muito que tudo tem seu momento, seu propósito, por isso não adianta pressa, afobação. Quando tem de acontecer, acontece. (E aconteceu lindo!)

Na rodoviária de Salvador, aguardava meu ônibus que sairia às 23hs. Quem é do meio sabe que já nestes contextos os mochileiros começam a se sacar. Lembro que notei vários, mas dois em especial. Um camarada artesão, que parecia de algum lugar da vizinhança nossa aqui da America Latina; e outra, bem exótica, talvez da Rússia, sei lá.

Saímos pontualmente! No ônibus, sentei ao lado de uma pequena garota, que parecia sofrer com o frio do ônibus. Aliás, não sei que danado acontece que essa galera das empresas de ônibus sempre coloca o ar condicionado no mínimo do mínimo. Eu hein?!

Chegamos ao Terminal Rodoviário de Lençóis pouco mais das 5 da matina. Incrível, mas já ali, em meio à neblina e pouca luz do dia, vários guias abordam para fechar pacotes de trilhas. Como fui “de boa”, não fechei nada. A intenção era desenrolar tudo...

Foi aí que notei duas mochileiras me olhando de lado. E olha só como as coisas são, tratava-se da “russa exótica” e a “pequena que sentou ao meu lado”. A pergunta foi: “Você tem lugar pra ficar?” Eu: Não! Pronto, bastou para iniciar uma parceria massa entre mim, Renata (São Paulo – nada de gringa!) e Ezperanza (França).


Rodamos, rodamos até encontrarmos, com ajuda do guia Zé, uma casinha bem bacana, lugar onde ficaríamos os próximos dias. Fechamos com Rose, mulher guerreira que tenta sempre não se estressar com quem não quer “colocar a mão na massa”. (Era cada grito que rolava de manhã cedo... rsrsrs)

Em Lençois, conhecemos Cachoeirinha, Poço do Halley, Salão de Areias Coloridas, Mirante (onde conhecemos Phillipp, suíço mais brasileiro que eu). 


Já em quatro, conhecemos o Morro do Pai Inácio, lugar esplendoroso. O massa foi que voltamos do morro numa trip de 20km. Nos perdemos no meio do caminho (coisa que é de lei por lá para os aventureiros), mas desenrolamos, com ajuda de um guia gente boa que encontramos. Rolou ainda a Cachoeira do Sossego, Ribeirão (de baixo, do meio, de cima) e outros picos bem legais.


No percurso, pessoas maravilhosas iam surgindo e agregando à corrente. Kamyla, Andrea e mais e mais...


Vários momentos foram especiais, mas acho que um dos mais – pelo menos pra mim – foi lavar roupa no rio, junto às lavadeiras de Lençóis. Puxa, quanta historicidade tem naquele lugar. 


Voltando, conhecemos Dona Antônia, uma senhora extremamente simpática, de um papo cativante, que faz do acolhimento o seu cartão de visita. Ela, seu esposo Gonzaga e a cachorrinha Serena dão luz à pracinha principal da cidade. E quer saber, o contato foi por conta do varal dela, acredita? Gentilmente ela ofereceu o espaço e, de quebra, um delicioso café com pão.


Lençóis é um lugar massa, bem estruturado e oferece aquelas condições básicas de conforto e comodidade. Não exatamente o que eu estava procurando, mas vale o registro. É considerada a capital da Chapada. A noite funciona bem, com alguns bons restaurantes, bares, barraquinhas. Vale conhecer o “Café Bacana” (do Pedro). Quando for, peça uma cervejinha gelada e uns bolinhos de queijo à simpática Lidy, chef de cozinha do local. Se lembrar, mande um beijo meu!




Ainda em Lençóis, passei a virada do ano. Esse momento foi muito delicado, pois já havia um tempo que não passava tal data longe de minha família. Confesso que a saudade me abalou um pouco. Algumas lágrimas caíram, mas foram rapidamente levadas pelo vento frio e o ar puro que circulava pelas rochas molhadas. Além do mais, estava cercado de pessoas de puro amor!


Pouco a pouco os amigos que fiz foram partindo... Primeiro Ezperanza, depois Phillipp, Kamyla (que mais tarde encontraria no Capão) e enfim, a Renatinha. Quando percebi, estava novamente só naquela que foi minha casa durante 6 maravilhosos dias. Fechei a mochila e parti rumo ao lugar que era prioridade na viagem: Vale do Capão!


Continua...

(Djavan Antério)