segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Dona Ana


Hoje acordei lembrando-me da minha avó paterna, conhecida por muitos como Dona Ana. Para mim, apenas “Vó”!

Lembrei do delicioso café que sempre fazia: ovos mexidos com cubos de mortadela e queijo. Era notória sua satisfação me vendo deliciar daquela refeição.

Lembrei do perfume da lavanda de alfazema que sempre passava, ou melhor, banhava em mim. Dava-me então um profundo cheiro e dizia: “Eiiiiiiiiita, bicho cheiroso”.

Lembrei dos brinquedos que parecia só existir ali no bairro dela – jogo de botão; pião; bolinha de gude – e que com muito sacrifício os comprava para me presentear.

Lembrei da cama larga, sempre bem arrumada. Sobre ela, um grande mosquiteiro que nos protegia das sedentas muriçocas.

Lembrei das pastilhas de hortelã garoto que religiosamente estavam a nossa disposição em cima do gaveteiro antigo do quarto.

Lembrei da geladeira azul, dos pinguins que nela ficavam grudados e que sempre eu os mudava de lugar ao ir beber água.

Lembrei das suas mãos calejadas, do seu longo cabelo grisalho, do seu abraço forte e carinhoso.

Lembrei de suas palavras sempre que se despedia: “Que Deu lhe dê o dom da natureza.”

Lembrei que a tempos não a vejo e que me dói o coração saber que apesar de ela estar logo ali, prontinha para me oferecer os mais verdadeiros sentimentos, ainda demoro tanto para ir encontrá-la. 


(Djavan Antério)

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