Não
é tão difícil entender essa demanda estratosférica por uma vaga na política. De
imediato, temos aí salários e benefícios que enchem os olhos dos menos
preocupados com o bem coletivo. Em contrapartida, se pensados cautelosamente,
tais benéficos provocam indignação, sobretudo daqueles que na mesa não têm sequer um pão.
Vejo
segmentos profissionais serem tratados com omissão e puro desrespeito. Vejo
pessoas humildes, com pouca instrução, caindo na lábia de crápulas com uma
retórica de derrubar 747.
Basta
alguns minutos vendo o horário político para constatar a briga por um espaço no
“guarda chuva” de regalias da política brasileira. Chego a sentir náuseas em
ver tanta gente mesquinha, que depois de assegurado seu lugarzinho nos
gabinetes refrigerados, nada fazem por aqueles que mais precisam.
Não
vejo a sinceridade no olhar; não me sinto seguro ao escutar palavras decoradas,
lidas, voláteis ao sopro mais brando dos ventos da próxima estação. Sinto, nestes,
é a sede pelo poder, pelo status, pela “vida boa”. Tudo isso assegurado
pelo desleixo da própria máquina pública.
Uma
vez ouvi alguém dizer: “Um dia, se nada der certo pra mim, vou ser político ou
pastor”. Hoje temos é pastor querendo ser político!
O
fato é que há uma distorção dos valores legítimos que compõem (ou deveriam compor)
a esfera pública representativa. É duro, é revoltante, é trágico! Logo, como é possível
ainda nos mantermos inertes a esse emaranhando obscuro de interesses
particulares? Não seria o momento de indagarmos o rumo e a forma como a política
vem sendo tangida?
Daí
a relevância dessa menininha (do Diário de Classe), de pouca idade, mas de
tamanha sensibilidade, em contestar a disparidade salarial destes “homens de
preto”, muito bem alinhados, com sorriso no rosto e de coração duro.
Queria
ver essa procura toda se o salário de um vereador, deputado, senador... fosse
equiparado a de um professor da rede pública de ensino. E não me venha com
questões de responsabilidades. Eu, enquanto professor/cidadão/humano, não
assimilo essa cultura da “política de qualquer jeito e a todo custo”.
Quer
me representar? Faça por merecer, mantenha-se constante em suas argumentações e
replique-as nas atitudes que devem, obrigatoriamente, corresponder ao interesse
de toda uma população.
(Djavan
Antério)
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