quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

Pequena Miss Sunshine


Agora a pouco encontrei uma família na sala de espera de um consultório médico. Estava eu lá, esperando para mostrar uns exames rotineiros que sempre faço no final de ano. É o velho check-up que tanto recomendo!

Neste contexto o que mais me chamou a atenção foi uma linda garotinha que, apesar dos seus 4, 5 anos (no máximo), demonstrava tamanho carinho e preocupação com o pai que aparentemente estava doente.

Era uma família bem jovem. Acredito que os pais não eram muito mais velhos que eu. A mãe, com sua linda filhinha no colo, se desdobrava para fazer um cafuné no esposo doente. A filha, uma linda princesinha, passava carinhosamente as duas mãozinhas no rosto do pai dizendo: “Você vai ficar bom logo, viu?!” O pai, típico marinheiro de primeira viagem, sorria discretamente em resposta ao carinho que recebia das duas mulheres que, indubitavelmente, mais ama neste mundo.

Ao ver aquela cena, me ocorreu que de uns tempos pra cá venho pensando muito como seria ter uma filha. Sim, uma filha, uma menininha, uma “Pequena Miss Sunshine”! Isso porque sempre fui daqueles que almejou ter um moleque lindo, forte, esperto, cheio de energia. Imaginava levando-o ao parque, jogando bola na praia, tomando banho de piscina, ensinando a lição de casa...

É, mas hoje foi diferente. Acabou que me veio na cabeça quase tudo isso que mencionei, só que com uma linda garotinha. Imaginei contando uma história para ela dormir, carregando-a nos ombros no calçadão da praia, tomando banho de piscina, ensinando a lição de casa...

O fato é que cenas como esta que presenciei me dão a certeza de que ainda sim vale muito a pena constituir uma família.

Família para mim tem um sentido todo peculiar. É nela que carrego minhas energias; que me apoio em momentos mais difíceis; que me resguardo quando me sinto inseguro. É com ela que faço questão de dividir minhas vitórias; que me sinto mais a vontade; que me mostro por completo.

Sinto que a possibilidade de construir e propagar o “sentido família” que tanto aprecio é algo mágico, impossível de ser medido, avaliado, transpassado.

Aquela pequena e iniciante família me fez refletir que tudo começa do começo, caminhando passo a passo, enfrentando dificuldades, compartilhando alegrias, usufruindo de uma mesma esfera.

Mas querem saber o que mais me marcou?

Foi quando o pai, ao sair do consultório, tirou forçar sabe-se lá de onde, pegou a menina pelo colo e a esposa pela mão e saiu sorridente. Como se não bastasse, a linda garotinha arranjou tempo para me olhar nos olhos e dizer: “Tchau, você vai ficar bom logo, viu?!”

(Djavan Antério)

Nenhum comentário:

Postar um comentário